Pioneiros do Asfalto

 


Desde aproximadamente o ano de 625 A.C, na Babilônia, a mistura quente denominada asfalto vem se desenvolvendo. No início não era produzido do petróleo, longe disso, e sim de piche retirado de lagos pastosos. Somente no século XX, bem pelo início do século, que essa tal mistura é produzida com o uso de petróleo. 

Menos custoso, ao menos monetariamente falando, o asfalto agora é exclusivamente responsabilidade do petróleo. Na realidade, não tão somente do petróleo. A responsabilidade dessa produção é também dos nobres funcionários públicos chamados de governantes, ou simplesmente políticos. Esses tais políticos aparecem desde as pólis gregas. Aristóteles já dizia que idiota era aquele que não participava da política - hoje o que se vê é o inverso. 

Para felicidade do povo e bem da nação todos podemos (leia-se “somos obrigados por Lei”) escolher entre os menos piores. Só não sabemos quanto tempo ficam no cargo até outro um pouco pior utilizar da democracia para “desdemocratizar” nossa polis do tempo presente, mas isso é detalhe.

Os nobríssimos funcionários públicos governantes, que de tão nobres imaginam-se como sendo os patrões, diante de tão grandiosa construção histórica da tecnologia e da política hoje possuem o fardo de ter de decidir quais misturas utilizar para a produção do tão requerido asfalto. Seria melhor usar cimento asfáltico de petróleo? Ou asfalto diluído de petróleo? Talvez emulsão asfáltica? Coitados dos governantes, eu os imagino tendo que decidir entre o “ser ou não ser”. Deve ser cruel.

Talvez por conta dessa dúvida, que nem os babilônicos ou os gregos precisavam se preocupar, que seja tão comum notar pela cidade os orifícios da dúvida. Nós, simples idiotas (nem sei mais se no sentido de Aristóteles ou mesmo no atual), muitas vezes não conseguimos escapar dessa tão amarga dúvida e acabamos com o automóvel atolado em um buraco.

Mas tem aqueles políticos que próximo de outubro, de quatro em quatro anos, não têm dúvida alguma sobre qual composto utilizar para a produção. Muitas vezes a única dúvida parece ser “onde não asfaltar?”, pois a certeza parece ser que o asfalto é a solução para todos os problemas. Esses que acreditam que a mistura quente é a solução para os problemas existem em muitos cantos do Brasil, de São Paulo, Belém à Ananindeua. Esses pioneiros do asfalto, políticos, funcionários públicos, acreditam que devemos ser gratos quando o asfalto chega até nossas ruas. Claro que devemos ser! Eles tiveram uma dúvida mortal para responder, e ainda mais! Vão ter a mesma dúvida em poucos meses, pois o asfalto não dura 12.

O seu Bernardo, aos seus 56 anos de idade, se acha no direito de reclamar e praguejar simplesmente por ter caído da bicicleta por conta de uma cratera em frente ao Lua de Prata na Cidade Nova. Pois saiba que deveria ser grato, seu Bernardo, afinal de contas, não possuiu nas costas o peso de ter que decidir entre cimento asfáltico, asfalto diluído ou emulsão asfáltica.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leituras