Quadra para São Frutuoso



Quadra para São Frutuoso


São Frutuoso de Constantim,

rogue do céu por mim.

Peça Serafins aos meus lados,

proteja-me dos cães danados.




Escrevi esta quadra, literalmente apenas uma, para participar da 4ª Homenagem aos Santos Populares, organizada pelo escritor Juvenal Nunes, pelo seu Blog Palavras Aladas.

Minha inspiração foi um Santo sobre o qual eu estava pesquisando há alguns meses. Não lembro como me deparei com São Frutuoso de Constantim (Portugal). Nem sei se o encontrei primeiro ou ao tema da "mordedura de cães danados".

Como sabemos, em um passado muito recente, a medicina ainda não tinha muito conhecimento sobre diversos detalhes do funcionamento biológico humano. Além disso, mesmo quando começaram a desenvolver tecnologias medicinais, muitas vezes a maioria das pessoas não tinha acesso.

O que restava, com a ausência de tratamentos médicos, era rezar e pedir intercessão dos Santos. Esse foi o caso com a doença chamada "raiva", que pode ser transmitida por cães, entre outras espécies, para os humanos por meio da mordida.

Era comum existir padroeiros e orações para Santos específicos que auxiliavam no combate a certas doenças. Seja protegendo delas ou curando os contaminados. Em Portugal do século XIX, ainda se mantinham fortes as preces contra "mordeduras"/mordidas de "cães danados". Esse termo era usado popularmente para denominar os cães contaminados pela raiva.

Um dos padroeiros contra as mordeduras de cães era São Frutuoso de Constantim, que foi muitas vezes confundido com São Frutuoso de Braga (confusão entre nomes de Santos muito comum desde a Idade Média). O Frutuoso de Constantim teria vivido por volta do século IX.

Pelo menos duas relíquias sagradas, usadas contra mordeduras, foram atribuídas a São Frutuoso. Uma delas era o "Dente de São Frutuoso", a outra, a "Sagrada Cabeça de São Frutuoso". A primeira é óbvia, um suposto dente do Santo que protegia os enfermos de raiva (faz muito sentido ser um dente, já que é uma doença transmitida por mordida). A segunda relíquia é um pedaço superior do crânio de São Frutuoso. Ambas eram usadas para curar as mordeduras dos cães danados.

Não deixarei referências bibliográficas sobre o tema, mas recomendo a ótima página da cidade de Constantim, em Portugal, que trata sobre o Santo:

Comentários

  1. Muito interessante. Não conhecia o santo.
    Parabéns, nunca pare de compartilhar conhecimento conosco.

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  2. São Frutuoso de Constantino era um santo cristão que viveu nos 7 ou 8 anos. São Frutuoso é adorado principalmente em Portugal, especialmente na região onde é considerado um santo padroeiro. Há uma igreja dedicada a ele, a Igreja de São Frutuoso em Braga, que é um importante exemplo de arquitetura românica. Ele é muitas vezes visto como o padroeiro dos agricultores e pastores.

    Valiosa participação.

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  3. S. Frutuoso de Constantim é um santo muito popular nessa localidade de Vila Real, onde se celebra no último domingo de julho.
    Só conhecia o S. Frutuoso de Braga.
    Agradeço a sua partilha e colaboração.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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  4. Muy interesante, no lo conocía pero ahora ya se algo más. Gracias por compartirlo. Un abrazo

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  5. Dell, que delícia te ler como quem abre uma janela para um tempo que ainda respira entre os gestos da fé e os restos do medo. A tua quadra, mesmo sozinha, carrega nas costas uma história inteira, e isso me encanta: o quanto uma palavra pode conter séculos. São Frutuoso de Constantim que nome forte, quase um poema por si só. E essa história das mordeduras de cães danados, que hoje pode soar folclórica, na verdade revela muito mais que um detalhe curioso: fala da fragilidade humana diante do desconhecido, e da necessidade tão antiga de agarrar-se a algo que acalme o pavor.
    Me comove essa imagem do povo buscando o “Dente” ou a “Cabeça Sagrada” como quem segura um milagre entre as mãos. Num tempo em que a medicina falhava ou nem chegava era a fé que preenchia os vãos. Não sei se acredito em relíquias, mas acredito nesse gesto: o de confiar em algo maior quando tudo nos ameaça. Tua pesquisa, mesmo sem bibliografia, tem o sabor das histórias contadas à beira do fogo. E isso, para mim, é mais valioso que qualquer pé de página.
    Bela participação.

    Amei 🥰

    Com afeto,
    Fernanda

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