O interesse pela Arte e Filosofia daqueles que não possuem fama

 


Algumas vezes fico refletindo sobre o meu interesse pela Arte e pela Filosofia daqueles que não são conhecidos por um grande número de pessoas ou pela maioria das pesssoas. Que não possuem a chamada "fama".

Tenho muito apreço em admirar uma poesia, uma pintura, um desenho, e o pensamento de pessoas que não são conhecidas. Acredito que isso parte de meu interesse pela expressão artística e filosófica do indivíduo que faz o que faz por conta de não conseguir não fazer. Os artistas e pensadores que se expressam por anos e possuem 7, 10, 12 visualizações muito provavelmente não fazem o que fazem por querer algo, mas apenas porque precisam se expressar.

Sou admirador da Arte que surge como expressão do Ser do indivíduo. Aquela Arte que existe porque o seu criador se angustiaria caso não criasse. O mesmo para a Filosofia. Reconhecendo Filosofia como uma forma de observar e compreender o mundo. Tomo a noção de Julio Cabrera de que não existe um povo sem uma Filosofia. Talvez esteja modificando o pensamento de Cabrera, mas faço isso para expressar o meu próprio. Creio que todos os indivíduos, com um funcionamento minimamente suficiente dos processos cerebrais, possuem uma Filosofia, seguindo a ideia de Filosofia que expressei anteriormente. Até os Sofistas são Filósofos. Até os que dizem não ter Filosofia. A Filosofia me parece mais uma realidade ontológica da Natureza humana. Diferente da Política, que pode ser uma opção. Mas não quero agora explicar o que compreendo a partir do conceito de Política.

Volto ao tema do meu apreço pelos que não possuem fama. Saber o que pensa um indivíduo que postou suas ideias em um blog com 2 acessos apenas me é muito valioso. Ou alguém que expressou em um vídeo aquilo que pensa sobre sua própria existência ou sobre a existência de tudo que há. Ler a poesia dos poetas com dez acessos também me agrada. Mas já aprendi a contemplar a obra sem ir em busca de conhecer o artista. Refiro-me a conhecer pessoalmente, conversar, etc. Prefiro admirar a Arte e ignorar a realidade que é o artista em Si mesmo. É mais fácil contemplar positivamente o Ser quando ele É de uma certa distância. Não distância em metros, mas em conhecimentos.

Admiro a Arte de Tiziano e daqueles que nunca verei os desenhos.

Valorizo a Filosofia de Cabrera e dos que pensam igual e não são lidos, ou nem escrevem.

Lembro que ontologicamente temos todos o mesmo valor, ou não valor. 



2 comentários:

  1. Dell.
    Seu texto resgata uma ideia que a Filosofia muitas vezes esquece em meio à institucionalização do saber: a de que pensar é um gesto humano antes de ser um ofício. A Arte e a Filosofia que você valoriza feitas por aqueles que não buscam visibilidade, mas sobrevivência existencial são talvez as mais autênticas expressões do ser. Há algo profundamente ético e estético na forma como você recusa o culto à fama e afirma o valor ontológico da criação em si. Uma leitura que provoca e, ao mesmo tempo, silencia no melhor sentido.

    Obrigada 🙏🏻
    Fernanda!

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    1. Agradeço o comentário, Fernanda. Os problemas gerados por certa institucionalização do saber, que ocorre com a Filosofia formal, realmente me é uma questão de incômodo há alguns anos (Julio Cabrera, que menciono no texto, inclusive possui produções a respeito disso). Sobre a Arte e a Filosofia que comento, concordo totalmente quando você afirma que essas produções "são talvez as mais autênticas expressões do ser". Lembrei de uma nota que registrei em 20 de novembro de 2024 em meu diário de pensamentos: "Eu aprecio muito tudo que é Arte inútil. A Arte inútil me soa muito democrática. A Arte útil aos meus olhos tem muito o tom marxista ou de coisa pior". Escrevi isso pensando naquela Arte que não tenta alcançar nada, que é em si mesma e isso lhe basta. Expressão do Ser. Aquela Arte que nasce contra a vontade do artista. Ou aquilo, caso eu tenha interpretado corretamente, que você chama de "o barulho do próprio ser a se tornar palavra".

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