COP 30 Nasceu morta


Com o atual cenário mundial de guerra, temor de guerra na Europa e Oriente, conflito econômico intenso entre EUA e China, e com Donald Trump sendo Presidente dos EUA, a COP 30 infelizmente nasceu morta.

O ambiente internacional não é propício para uma COP com resultados efetivos para planejar e investir (os países ricos) grandes montantes para a questão ambiental. Quando sua casa está em chamas você não senta e planeja como diminuir queimadas na Amazônia, você apaga o fogo da sua casa. Depois pensa no dinheiro para a energia elétrica do fim do mês, até porque mortos não precisam de energia elétrica, ou de Meio Ambiente equilibrado. O atual movimento no globo é dos EUA tentando não perder espaço para China, e grande parte da Europa temendo uma expansão da Rússia. Fora as últimas notícias sobre a Índia e Paquistão. 

Como discutir seriamente o investimento (especificamente o Brasil conseguir ganhar investimento de países com capacidade para isso) e políticas contra problemas ambientais sem saber se as sociedades como conhecemos existirão no ano que vem? Exagero, em certa medida, esse "fim" das sociedades. Porém, as possíveis mudanças drásticas não são exagero. Quem da Europa vai investir o suficiente tendo em vista que precisam investir muito nos próprios exércitos? Com Trump fora da Mesa de negociação, ainda existe algum sentido na COP 30? China vai estar disposta a assumir o papel dos EUA? Rússia?

Para além disso, creio que antes de discussões internacionais, planejamento local, regional e nacional é indispesnável. Sem ele o que o Brasil quer da COP 30? Para onde a Amazônia, para falar apenas de uma região do Brasil, quer caminhar? O governador perguntou isso para a população? Ao mesmo tempo que o Governo Federal apoiou uma COP 30 no Brasil, é altamente defensor da exploração de petróleo na Foz do Amazonas. 

É totalmente compreensível o interesse em explorar petróleo. É justo quando se planeja mais postos de trabalho, tecnologia (inclusive investimento em novas), comércio internacional, arrecadação, etc. Mas inegavelmente é contraditório com a COP 30. É nítido que depois da COP 30 o Governo Federal e Estaduais estarão empenhados em realizar a exploração desse petróleo. Compreensível. Caso a população local e regional deseje um planejamento de desenvolvimento regional e nacional dentro da economia do petróleo e tudo que está ligado com ele, bônus e danos, até eu apoio essa exploração. Mas alguém perguntou o que a população quer?

O Governo Estadual do Pará e Municipal de Belém estão abertamente tratando a COP 30 como a Copa que não foi. A Copa de 2014 que Belém perdeu para Manaus, que sediou os jogos. Pretende realizar melhorias estruturais (muito bem vindas) que poderiam ter sido feitas com os investimentos para a Copa. Falam, especialmente o Prefeito, na COP como um grande momento para a economia local. Certo... Mas e o tema da COP, como fica? Soluções sustentáveis, planejamento para conseguir investimento em pesquisa científica, tecnologia, parcerias internacionais, etc. Belém sabe o que quer da COP 30? E o Pará? E o Brasil?

Sei que em um cenário de caos internacional, como o atual, é possível pensar e investir em energias renováveis (como a União Europeia pesquisando coleta de energia solar no espaço, até pelo problema com a dependência de fontes russas de energia - China seguindo um caminho semelhante com essa tecnologia - enquanto Trump quer voltar ao carvão sem planos de mudar isso). Porém, os países estão dispostos a compartilhar investimento e conhecimento com o Brasil? O Brasil quer isso na COP? O Pará quer algo além de movimentar a economia de Belém e regiões nesse período da COP 30?

A COP 30 já nasceu morta quando em plano local e regional não existe nenhum planejamento de desenvolvimento sustentável que pretendem impulsionar com essa Conferência. E não existe, ou não parece existir, discussão a respeito dos objetivos locais/regionais/nacional com o evento. O atestado foi confirmado com o cenário internacional nada propício para eventos internacionais efetivos para sustentabilidade. COP 30 acaba, falando sobre como devemos usar energias renováveis, e no dia seguinte o Governo está fazendo o projeto de exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

Talvez fosse mais efetivo um evento de âmbito nacional. Menos custoso e mais eficaz para planejar e executar. É possível levar a COP 30 a sério regionalmente quando a população local migra para áreas distantes em busca de menos violência e algum emprego? Não seria melhor pensar primeiro em âmbito local, regional e nacional antes de buscar investimentos internacionais? Quem sabe ainda dê tempo para a COP 31. 

Um dos resultados atuais da COP 30 em Belém é a inflação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leituras