Orientação de pesquisa em História

Aos poucos busco me afastar do ambiente acadêmico e educacional, por variados motivos sócio-filosóficos. Porém, o desejo em realizar pesquisa histórica ainda é enorme. Continuo como posso, apesar de não ter preocupação em publicar em coletâneas ou revistas acadêmicas. 

Desde a quinta série do Ensino Fundamental eu pretendia cursar Direito. No entanto, decidi no segundo ano do Ensino Médio entrar primeiro (quando fosse fazer o vestibular) em uma Graduação em História. 

A pretensão era desenvolver uma pesquisa histórica que conectasse o tempo presente com a discriminação histórica contra religiões de matrizes africanas (nunca fui da religião, mas uma profunda pesquisa que realizei, para um Seminário na disciplina de Sociologia, gerou-me grande interesse nessas religiões - que depois se ampliou para o desenvolvimento histórico e social de todas as religiões). O objetivo era desenvolver o TCC sobre esse tema. Já entrei tendo o TCC definido.

Entrei, em 2015, para iniciar turma em 2016 na Graduação em História. Os planos mudaram. Entrei em uma pesquisa PIBIC com um tema totalmente diferente. O tema era Educação Ambiental e Ensino de História. 

Existiam outros dois projetos de pesquisa no PIBIC, mas optei por me candidatar a esse por dois motivos:

1. Primeiro, porque no Ensino Médio eu tive muito contato com a ideia da Educação Ambiental e Interdisciplinaridade (por meio dos projetos do Professor de Física no Ensino Médio, e pelo de Estudos Amazônicos nas séries finais do Fundamental). Eu nem iria me inscrever, mas minha amiga - hoje namorada - insistiu. 

2. Segundo, porque pela proposta de trabalho o pesquisador teria muito contato com escolas públicas, diretores, professores, a observação do ambiente escolar e das aulas. Eu ainda tinha muito saudosismo do Ensino Médio (minha época preferida da vida, principalmente porque foi quando eu mais atuei em Teatro escolar) e porque queria pesquisar a estrutura do ambiente que anteriormente me formou.

Para minha sorte, uma das perguntas na entrevista de seleção para o PIBIC, realizada pelo Coordenador, foi: "O que você entende por Interdisciplinaridade?". 

Minhas experiências no Ensino Médio, e o conhecimento que eu já tinha do conceito, foram fundamentais para eu ser selecionado entre os concorrentes.

Com esse projeto, meu sistema do orientação alterou. A bússola levou para outro lado.

Entrei nele no segundo mês de Universidade. Desde aí me aprofundei muito na temática Ambiental, da Educação Ambiental, Educação, do Ensino de História, da História Ambiental, Formação de Professores, do Currículo, das normas nacionais para a Educação, Projeto Político Pedagógico, Gestão Escolar Democrática, Filosofia da Educação, etc.

Meu foco passou totalmente para a temática ambiental. Obviamente é possível relacionar a temática das religiões e a ambiental, mas não foi o caminho que segui. Desenvolvi uma Monografia de Conclusão sobre os resultados das várias observações e aplicações de questionários em escolas (pode ser encontrada na aba SOBRE). Educação Ambiental e Ensino de História.

Felizmente meu desejo por pesquisar diversas áreas continuou. Não foquei apenas em um tema da História, nem mesmo apenas na disciplina da História. Busquei sempre ampliar para leituras e reflexões de Filosofia, Economia, Sociologia, Antropologia, Neurociência, Etologia, Artes, e o que fosse possível.

Ao longo da Graduação desenvolvi uma forte defesa, e verdadeiro Amor, pela veracidade histórica. Pela pesquisa histórica preocupada em compreender e explicar as realidades históricas. Não com preocupação de usar a história como ferramenta política (seja lá para qual interesse for). O trecho de Renzo de Felici, que fica na coluna lateral deste blog (só visível na versão para computador), é uma grande inspiração que tenho.

Há alguns anos percebi que muitos, talvez a maioria, usam a história para suas paixões políticas e não para buscar compreender e explicar realidades ao longo do tempo. Eventos dos últimos anos observados nos ambientes acadêmicos, do local ao global, contribuíram para que eu, de fato, buscasse o distanciamento. Estou construindo.

Porém... Recentemente fui convidado para participar de um Seminário de Pesquisa em História. A proposta era realizar comentários sobre os projetos de pesquisa dos graduandos - que estão em fase de iniciar o TCC. 

Já tinha participado antes, também convidado - quando ainda possuía muita vontade pela vida acadêmica. Aceitei o convite quase de forma automática. Confesso que depois eu me arrependi, mas já tinha aceitado. A pessoa que realizou o convite pesou muito para eu não ter cancelado a participação.

Recebi os resumos de três trabalhos. Sempre tenho opinião e sugestões para pesquisas históricas, mas ultimamente busco não expressar - fugindo da institucionalização acadêmica. Esses foram exceções. 



A seguir eu deixo os slides que preparei para tentar contribuir com a pesquisa dos graduandos.

Montei os slides me baseando no Resumo de cada um, mas realizei meus comentários após a comunicação oral dos alunos. 

Após a apresentação deles, realizei alguns ajustes nas minhas sugestões, pois oralmente apresentaram diferenças comparado com os resumos. Os dois últimos, pelo resumo, seriam revisões bibliográficas, mas na apresentação os proponentes mencionaram que pretendem realizar entrevistas.

Omiti o nome dos alunos por questão de privacidade.

2 comentários:

  1. Dell, que jornada rica, honesta e cheia de voltas daquelas que, no fundo, nunca nos tiram do caminho, só ampliam a paisagem. É admirável como tua trajetória traduz uma sede autêntica por conhecimento e uma inquietação que não se acomoda nos moldes da academia. E talvez seja justamente aí que more a tua força: no desejo de pesquisar por compromisso com a verdade histórica, não por vaidade curricular ou alinhamento ideológico.
    Ler esse relato foi como percorrer camadas de um pensamento que se constrói com integridade e crítica. A paixão inicial, o desvio pelo PIBIC, os encontros e desencontros com a instituição, a consciência sobre a instrumentalização da história… tudo se conecta com algo maior: a ética do pesquisador que escolhe pensar, mesmo quando é mais confortável seguir calado. Teu texto me tocou, Dell e inspira. Que bom que ainda há vozes como a tua, que não se rendem ao ruído fácil e continuam cavando fundo, mesmo que em silêncio.
    Um grande abraço com admiração e respeito.

    Fernanda

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    1. Agradeço pelo comentário, Fernanda. Talvez seja isso mesmo, não sair do caminho, mas sim ampliar a paisagem, como você mencionou.
      Obrigado!

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