Lanterna Verde é um personagem das histórias em quadrinhos estadunidenses de super heróis que apareceu pela primeira vez da década de 1940, na revista All-American Comics - precursora da atual DC Comics. Criado por Martin Nodell - assinando como Mart Dellon - e Bill Finger, o Lanterna Verde foi se tornar mais próximo ao que temos hoje nos quadrinhos somente a partir da década de 1960.
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CAPA All-American Comics - Nº 16, JULHO de 1940 (Disponível em: https://readcomiconline.to/Comic/All-American-Comics-1939/Issue-16?id=45718#1) |
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CAPA Lanterna Verde #1 (1960) Disponível: https://readcomiconline.to/Comic/Green-Lantern-1960/Issue-1?id=28029#1 |
A partir da década de 1960 o personagem foi modificado e apresentado com outros significados e abordando outros temas. A ideia de uma patrulha universal foi construída. Agora não existe somente um Lanterna Verde, existem Os Lanternas Verdes: Patrulheiros universais que protegem os diversos setores do espaço utilizando como arma um anel que pode fazer quase qualquer coisa. O primeiro terráqueo que integra o grupo se chama Hal Jordan, um piloto de caça que encontra um Lanterna Verde próximo de sua morte, de quem recebe a responsabilidade de se tornar um novo Lanterna.
Em Janeiro de 1971, em Lanterna Verde #87, um novo Lanterna Verde aparece. O arquiteto e veterano da Marinha dos EUA, John Stewart, é o terceiro Lanterna Verde da terra a ser apresentado e o primeiro negro.
O personagem é notoriamente criado para representar a diversidade existente no mundo real, mas também para discutir os problemas sociais existentes. Desde a primeira missão de John Stewart como Lanterna Verde - ainda no Nº87 - a temática do racismo é exposta ao leitor. Em sua missão, John é encarregado de salvar o Senador Jeremiah Clutcher, sabendo que esse era um político racista.
O Lanterna John, juntamente com seu superior Hal Jordan, ajuda a parar um caminhão que iria causar um acidente. No entanto, propositalmente John Stewart utiliza o poder do anel para perfurar o container que aparentemente transportava algum óleo ou petróleo. Esse líquido atinge o senador Clutcher no rosto.
No primeiro quadro - o senador tentando limpar o rosto diz: Um ultraje! Alguém vai pagar... - John inicia dizendo: Hey, baby...
No segundo quadro, John Stewart realiza uma piada irônica com cunho profundamente histórico. John pergunta ao senador: Eu não vi você colhendo algodão em algum lugar?
A piada de John faz referência direta ao período de escravatura estadunidense. Umas das atividades mais frequentes realizadas pelos negros escravizados nos campos era a produção e colheita do algodão. Com a piada, John tem o objetivo de reafirmar o racismo que o senador possui. Nitidamente o senador Clutcher não fica nada feliz em ser chamado de racista pelo Lanterna Verde.
Quando Hal Jordan lhe dá uma bronca, o chamando de estúpido e irresponsável, por conta de ele ter sujado o senador de forma proposital, O Lanterna John comenta ironicamente: "Então, talvez eu tenha perdido minha pontaria com o raio de poder, e o senador ficou um pouco enegrecido!". Em seguida John Stewart acrescenta: "Com o que se preocupar? Eu estive escuro toda a minha vida... e estou sobrevivendo!"
Nesse diálogo novamente o personagem expõe as dificuldades de uma pessoa negra que vive nos Estados Unidos da América da década de 70 - infelizmente, dificuldades que ainda existem em 2018. John não afirma que "viveu" toda sua vida sendo "escuro", ele enfatiza que esteve e está "sobrevivendo!".
A discussão sobre racismo sempre foi recorrente nas histórias com o personagem John Stewart. Na edição "Greend Lantern Special 1", de 1988 o debate é inserido desde a capa. Manifestantes levantam cartazes que dizem "Apartheid é racismo" e "Fim do Apartheid". Em frente a multidão o braço erguido, de John Stewart, expõe-se como a lanterna que ilumina o caminho dos manifestantes. Nessa edição o tema central é a luta contra a discriminação e segregação racial. O Lanterna Verde é apresentado a todo o momento como um agente que luta em favor da causa dos movimentos negros.
Mais recentemente outro Lanterna Verde humano foi criado para as histórias por Geoff Johns e Doug Mahnke. Esse Lanterna foi inserido com os mesmos objetivos que criaram John Stewart, representatividade e discussão de problemáticas sociais. Chamando-se Simon Baz, esse Lanterna é apresentado pela primeira vez em "Os Novos 52: Free Comic Book Day Special", maio de 2012, em um vislumbre de um "futuro próximo" no qual está enfrentando o Batman (imagem abaixo).
Simon Baz é apresentado "concretamente" em Novembro de 2012, em "Green Lantern #0". Simon é o primeiro membro dos Lanternas Verdes do Oriente-Médio e muçulmano. O personagem é inspirado em grande medida no roteirista Geoff Johns. Os dois são filhos de árabes-americanos e nascidos em Detroid, Michigan. Baz é um personagem bastante complexo. Mesmo sendo muçulmano pode provocar certa "decepção" por conta da tatuagem no antebraço direito, no islamismo muitas vezes as tatuagens são vistas como "haram", algo que aos cristão é como o "pecado". No início sua conduta poderia causar aversão também por conta de ter se envolvido em rachas, e furtado um carro para custear os investimentos hospitalares com seu cunhado em coma - por conta de um acidente em um dos rachas- e suprir as necessidades básicas de sua irmã.
Nas publicações atuais de "Lanternas Verdes" que estão sendo lançadas no Brasil, o Lanterna Simon Baz forma dupla com a Lanterna Verde Jessica Cruz, primeira Lanterna terráquea mulher e latina. Nas últimas edições (17,18 e 19) os Lanternas Simon e Jessica ficaram responsáveis por salvar a população de um planeta que está próximo de seu fim. Conseguem resgatar os moradores, mas o planeta é destruído. Como solução, os Lanternas levam esses seres para outro planeta habitado. (Ao lado, Simon Baz com vestes árabes produzidas por seu anel de poder, Lanternas Verdes 19, edição Panini Comics, 2018.)
O personagem é notoriamente criado para representar a diversidade existente no mundo real, mas também para discutir os problemas sociais existentes. Desde a primeira missão de John Stewart como Lanterna Verde - ainda no Nº87 - a temática do racismo é exposta ao leitor. Em sua missão, John é encarregado de salvar o Senador Jeremiah Clutcher, sabendo que esse era um político racista.
O Lanterna John, juntamente com seu superior Hal Jordan, ajuda a parar um caminhão que iria causar um acidente. No entanto, propositalmente John Stewart utiliza o poder do anel para perfurar o container que aparentemente transportava algum óleo ou petróleo. Esse líquido atinge o senador Clutcher no rosto.
No primeiro quadro - o senador tentando limpar o rosto diz: Um ultraje! Alguém vai pagar... - John inicia dizendo: Hey, baby...
No segundo quadro, John Stewart realiza uma piada irônica com cunho profundamente histórico. John pergunta ao senador: Eu não vi você colhendo algodão em algum lugar?
A piada de John faz referência direta ao período de escravatura estadunidense. Umas das atividades mais frequentes realizadas pelos negros escravizados nos campos era a produção e colheita do algodão. Com a piada, John tem o objetivo de reafirmar o racismo que o senador possui. Nitidamente o senador Clutcher não fica nada feliz em ser chamado de racista pelo Lanterna Verde.
Quando Hal Jordan lhe dá uma bronca, o chamando de estúpido e irresponsável, por conta de ele ter sujado o senador de forma proposital, O Lanterna John comenta ironicamente: "Então, talvez eu tenha perdido minha pontaria com o raio de poder, e o senador ficou um pouco enegrecido!". Em seguida John Stewart acrescenta: "Com o que se preocupar? Eu estive escuro toda a minha vida... e estou sobrevivendo!"
Nesse diálogo novamente o personagem expõe as dificuldades de uma pessoa negra que vive nos Estados Unidos da América da década de 70 - infelizmente, dificuldades que ainda existem em 2018. John não afirma que "viveu" toda sua vida sendo "escuro", ele enfatiza que esteve e está "sobrevivendo!".
A discussão sobre racismo sempre foi recorrente nas histórias com o personagem John Stewart. Na edição "Greend Lantern Special 1", de 1988 o debate é inserido desde a capa. Manifestantes levantam cartazes que dizem "Apartheid é racismo" e "Fim do Apartheid". Em frente a multidão o braço erguido, de John Stewart, expõe-se como a lanterna que ilumina o caminho dos manifestantes. Nessa edição o tema central é a luta contra a discriminação e segregação racial. O Lanterna Verde é apresentado a todo o momento como um agente que luta em favor da causa dos movimentos negros.
Mais recentemente outro Lanterna Verde humano foi criado para as histórias por Geoff Johns e Doug Mahnke. Esse Lanterna foi inserido com os mesmos objetivos que criaram John Stewart, representatividade e discussão de problemáticas sociais. Chamando-se Simon Baz, esse Lanterna é apresentado pela primeira vez em "Os Novos 52: Free Comic Book Day Special", maio de 2012, em um vislumbre de um "futuro próximo" no qual está enfrentando o Batman (imagem abaixo).
Em seu interrogatório após ser preso Simon Baz é automaticamente tido como um terrorista e nem tem muitas possibilidades de tentar se explicar. Isso está ligado a dois fatos; o primeiro é que o carro que Simon roubou possuía uma bomba em seu interior; o segundo é que Simon Baz é muçulmano. Cabe ao leitor refletir sobre qual pesaria mais em um interrogatória a portas fechadas pela polícia dos EUA para definir uma pessoa como terrorista.

No entanto, o que os Lanternas não esperavam, é que os habitantes do planeta - Ungaranos - iriam criar um movimento contra os imigrantes - os Molitas que tiveram seu mundo destruído.
Os Lanternas Simon e Jessica tem de resolver essa situação antes que o conflito entre Ungaranos e Molitas fique pior.
Uma cena interessantíssima é quando o Lanterna Simon comenta com Jessica sobre o racismo que os Molitas estão sofrendo por parte dos Ungaranos. Afirma, na versão brasileira, que é o mesmo tipo de racismo que eles sofrem na terra (na versão estadunidense o personagem usa o termo 'gente de merda' para intitular os racistas).
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Protesto Ungaranos. Lanternas Verdes 19, Panini Comics, 2018. |
Na imagem acima, os Ungaranos realizam um protesto contra os imigrantes Molitas. A placas dizem coisas como "Molitas=Portadores da Morte" e "Ungara é da Paz e dos Ungaranos".
Ao observar essa realidade Simon identifica com a sua realidade no planeta terra, como um muçulmano que vive nos Estados Unidos da América. Essas edições são um convite explícito aos leitores a pensarem sobre questões de racismo e imigração na realidade atual do planeta terra, nos mais diversos países.
As histórias de Lanterna Verde, desde a década de 70, mostram que o racismo existe na sociedade, tenta combater e mostrar super heróis que combatem esse problema. Porém as histórias mais recentes mostram que esse mal ainda é bastante presente no mundo atual, nos convida a pensar sobre isso e reafirma que precisa ser combatido.
Muito bom
ResponderExcluirRealmente. O cunho de debates sobre problemas sociais presente nas HQs é algo interessantísimo e importante.
Excluir🌷gostei bastante da construção do texto.
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