O terrorismo deu início ao século XXI - texto sobre o ano de 2023, escrito em 28 de dez. de 2022

 

28 dez. 2022


Neste mês de dezembro, um jovem de Ananindeua (Pará) foi alvo de busca e apreensão por suspeitas de planejar um ataque contra uma escola do município. Não é o primeiro caso em Ananindeua. Também não é o primeiro caso no Brasil. Infelizmente não seria nem mesmo o primeiro ataque a uma escola brasileira neste ano. Em novembro a notícia sobre ataques às escolas em Aracruz (Espírito Santo) chocou o país. Esses ataques contra escolas podem ser classificados, na maioria das vezes, como terrorismo. O conceito remonta da Revolução Francesa, mas práticas que poderiam ser tidas como tal existem há muito mais tempo - o uso do terror gerado pela violência com um objetivo político. No caso de Aracruz, há indícios que o adolescente dos ataques possuía crenças neonazistas. Mesmo que não tivesse atuado em grupo, sua atuação teria bases políticas.


Em cidades como Ananindeua e Aracruz o uso do terrorismo, planejado ou executado, aparece tal como em cidades como Oxford (Michigan), nos Estados Unidos (em 2021, quando um jovem de 15 anos matou estudantes e um professor em uma escola). Os criminosos de Aracruz e Oxford foram amplamente definidos pelo mesmo termo: terroristas.


Tristemente o terrorismo foi o que deu início ao presente século. Rotineiramente é definido um evento que representa a passagem de um século para outro, um “início”. Em certo texto uma historiadora comentava que o fim da epidemia de coronavírus seria o início do século XXI, que o mundo e as pessoas mudariam totalmente. Discordei quando li e discordo agora. O coronavírus não mudou os rumos do mundo e a mente das pessoas tão drasticamente quanto os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.


Obviamente o terrorismo no século XX era muito presente, em diversos grupos políticos – de religiosos a comunistas. Mas creio que nenhum modificou tanto as coisas quanto o ataque contra a maior potência mundial no início do século XXI. Além de impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias para auxílio de contraterrorismo, novas logísticas de prevenção surgiram. Na mente de muitas pessoas o terrorismo foi crescendo como um grande medo. Inclusive, em 2015, o terrorismo foi registrado como um dos maiores medos da população mundial (em pesquisa do American Pew Research Center). Sem falar na visão ocidental sobre o Oriente Médio, a qual deve os estereótipos ao ataque contra as torres gêmeas. O que afeta desde o cidadão comum até jogos e filmes.


O século XXI deve lutar contra aquilo que simbolizou seu início. O fortalecimento do modelo democrático de economia de mercado me parece ser a melhor vacina contra o terrorismo. A Democracia como vivemos enfatiza a aceitação das diferenças e a solução mais pacífica possível para solução de impasses. O diálogo e o voto, não os tiros e as bombas. Em pleno ano de 2022 não se pode ter no terrorismo uma mobilização política aceitável, seja qual for a causa.


Volto a citar este mês de dezembro. Não na cidade de Ananindeua, mas ainda no Pará. Ou melhor, alguém que saiu do Pará, de Santarém, e foi tentar realizar um ataque terrorista em Brasília. Trata-se de um militante pró Bolsonaro, atual Presidente da República. Ao que parece, o plano era detonar bombas e utilizar armas de fogo para criar possibilidades a um estado de sítio.


Resultando da não aceitação do voto popular, o militante chegou a ver no terrorismo a arma política para seus objetivos. Quando se fala em ataque com bomba é difícil não pensar no Atentado do Riocentro. Aquele em 1981 tentou armar um cenário para frear a reabertura política, incriminando os comunistas. O de 2022 tentou criar o ambiente para acabar com o modelo democrático, para se defender dos comunistas. O atual Presidente não se manifestou enfaticamente contra o ato terrorista. O que não é aceitável, principalmente quando consideramos o que já falou no passado, em sua entrevista ao programa “Câmara Aberta” de 1999.


O terrorismo é inaceitável e o silêncio de um chefe de Estado contra ele também é. Sendo contrário ao Socialismo/Comunismo, só consigo ver que o atual Presidente não é um nome contra os males manifestados na proposta do modelo Socialista. Para se combater Ditaduras não se utiliza outra Ditadura, mas sim o fortalecimento da Democracia. Vejo esse militante terrorista da mesma forma que os comunistas. Possuem a crença de que a Democracia é a verdadeira ditadura e que a violência terrorista é a arma para a verdadeira liberdade.


O terrorismo esteve no início deste século e no fim deste ano. Para o novo ano, espero que não aumente.

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